Proposta do MEC

MEC quer trocar matérias por áreas temáticas
A intenção é eliminar a atual divisão do conteúdo em 12
disciplinas no ensino médio e criar quatro grupos mais amplos

Proposta será discutida hoje pelo Conselho Nacional de Educação;
União planeja incentivos financeiros para obter adesão dos
Estados

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério da Educação pretende acabar com a divisão por
disciplinas presente no atual currículo do ensino médio, o antigo
colegial. A proposta do governo é distribuir o conteúdo das
atuais 12 matérias em quatro grupos mais amplos (línguas;
matemática; humanas; e exatas e biológicas).

Na visão do MEC, hoje o currículo é muito fragmentado e o aluno
não vê aplicabilidade no programa ministrado, o que reduz o
interesse do jovem pela escola e a qualidade do ensino.

A mudança ocorrerá por meio de incentivo financeiro e técnico do
MEC aos Estados (responsáveis pela etapa), pois a União não pode
impor o sistema. O Conselho Nacional de Educação aprecia a
proposta hoje e amanhã e deve aprová-la em junho (rito
obrigatório).
O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá
substituir o vestibular das universidades federais, será outro
indutor, pois também não terá divisão por disciplinas.

Liberdade

Segundo a proposta, as escolas terão liberdade para organizar
seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e uma
base comum. Poderão decidir a forma de distribuição dos conteúdos
das disciplinas nos grupos e também o foco do programa (trabalho,
ciência, tecnologia ou cultura).

Assim, espera-se que o ensino seja mais ajustado às necessidades
dos estudantes.

O antigo colegial é considerado pelo governo como a etapa mais
problemática do sistema educacional. Resultados do Enem mostram
que 60% dos alunos do país estudam em escolas abaixo da média
nacional.

O governo Lula pretende que já no ano que vem, último ano da
gestão, algumas redes adotem o programa, de forma experimental.
No médio prazo, espera que esteja no país todo.

"A ideia é não oferecer mais um currículo enciclopédico, com 12
disciplinas, em que os meninos dominam pouco a leitura, o
entorno, a vida prática", disse a secretária de Educação Básica
do MEC, Maria do Pilar.

Está previsto também o aumento da carga horária (de 2.400 horas
para 3.000 horas, acréscimo de 25%).

"A mudança é positiva. Hoje, as disciplinas não conversam entre
si", afirmou Mozart Neves, membro do Conselho Nacional de
Educação e presidente-executivo do movimento Todos pela Educação.

"A análise de uma folha de árvore, por exemplo, pode envolver
conhecimentos de biologia, química e física. O aluno pode ver
sentido no que está aprendendo", disse Neves.

A implementação, no entanto, será complexa, diz o educador.
"Precisa reorganizar espaços das escolas e, o que é mais difícil,
mudar a cabeça do professor. Eles foram preparados para ensinar
em disciplinas. Vai exigir muito treinamento."

O MEC afirma que neste momento trabalha apenas o desenho
conceitual. Não há definição de detalhes da implementação ou dos
custos.

O relator do processo no conselho, Francisco Cordão, disse que
dará parecer favorável. "Talvez seja preciso alguns ajustes. Mas
é uma boa ideia. Hoje o aluno não vê motivo para fazer o ensino

Colaboração: Profº Nerci Valter Amaral

Professor Formador

CEFAPRO - Rondonópolis/MT

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